Será digitalização sinónimo de despersonalização?
“Sermos humanos é o nosso maior trunfo. Mesmo adotando uma abordagem digital-first para se manterem competitivas, as empresas devem considerar o seu impacto nos colaboradores, nos líderes e, em última análise, nos Clientes.”
Ao longo da história, os trabalhadores têm-se revoltado contra as máquinas e as tecnologias que os substituíram no trabalho. No entanto, as tecnologias atuais foram concebidas para trabalhar em conjunto connosco, reduzindo a carga administrativa e permitindo-nos focar no insubstituível – o toque humano. É também por isto que o emprego tem vindo a crescer, mesmo quando as tecnologias emergentes são cada vez mais aplicadas.
Com esta certeza, coloca-se outra questão às empresas: de que forma podem evitar a despersonalização causada pela dependência excessiva da tecnologia? A resposta é simples – sermos humanos é o nosso maior trunfo. Mesmo adotando uma abordagem digital-first para se manterem competitivas, as empresas devem considerar o seu impacto nos colaboradores, nos líderes e, em última análise, nos Clientes.
De facto, se os colaboradores apenas procurarem respostas, feedback e reconhecimento nos seus homólogos digitais, as empresas correm o risco de ter equipas desconectadas e desmotivadas. Para o evitar, deve priorizar-se a colaboração e a tomada de decisões em equipa, com a ajuda dos conhecimentos dados pela tecnologia.
A colaboração humana ainda é o bem mais valioso das empresas, e a tecnologia inteligente não muda isto; ela vem facilitar, podendo tratar das tarefas mecânicas que nos tiram tempo e energia para nos dedicarmos ao que realmente interessa: estratégia, idealização criativa ou formação. A tecnologia ajuda as empresas que se esforçam por manter as equipas conectadas e motivadas.
A digitalização ajuda a materializar uma visão coletiva
Atualmente, procuramos colaboração e automatização simultâneas – mesmo à distância. Uma equipa que não está junta em pessoa deve ter as ferramentas necessárias para promover sinergias e definir objetivos, e precisa também de algum tempo para se focar na sua concretização.
A tecnologia integrada nas aplicações mais importantes das empresas pode ajudar proativamente as equipas a alcançar os seus objetivos. Melhor ainda: com o tempo, aprende as preferências de cada um no que toca a como e quando necessita de apoio. Contudo, é importante assegurar que atua como uma extensão da equipa de liderança. Uma boa gestão de pessoas tem em conta as melhores formas de manter a motivação, proporcionar oportunidades de desenvolvimento e orientar através de desafios. É muito frustrante perceber que o assistente com quem se está a conversar online é um robô com respostas programadas e limitadas. Com a automatização cada vez maior das compras e serviços online, estarão os consumidores condenados a receber uma assistência impessoal? Claro que não – se a questão ultrapassar as capacidades dos robôs, um agente deverá estar lá para intervir, prestando aconselhamento ou resolvendo desafios complexos com conhecimentos orientados por dados e pela experiência pessoal.
As empresas podem implementar tecnologia inteligente de uma forma que funcione para todos – e quando tal é bem feito, desfrutamos de interações mais fluídas. As equipas dispõem do tempo necessário para colaborar e ser criativas; os líderes difundem uma visão coletiva como nunca antes; e o cliente fica mais satisfeito do que nunca através da integração da tecnologia e do fator humano.
José Luis Martín Zabala
Managing Director Iberia, SAGE
Artigo publicado originalmente na revista Forbes