Identidade Digital Europeia: O que é e como irá afetar as PME a partir de 2022

A Identidade Digital Europeia irá mudar a forma como interagimos com as empresas, dando às PME certas vantagens. Saiba em que consiste e que oportunidades oferece.

A Identidade Digital Europeia é um passo importante para a eliminação das identificações físicas. Esta medida irá criar oportunidades de negócio para as PME no campo da digitalização e blockchain. E as empresas de qualquer setor verão aumentar as possibilidades de atrair Clientes em todo o continente.

 

O que é a Identidade Digital Europeia

Identidade Digital Europeia é um projeto da União Europeia que irá eliminar a necessidade de documentos de identificação física. É uma “carteira virtual”, que nos permitirá identificarmo-nos imediatamente a fim de levar a cabo certos tipos de procedimentos, quer junto das Administrações quer das empresas, sem a necessidade de apresentar fisicamente qualquer tipo de documentação, tal como o cartão de cidadão.

Para o conseguir, a Comissão Europeia confirmou que pretende implementar a tecnologia blockchain e utilizá-la para interligar todos os tipos de procedimentos e processos entre todos os Estados membros. Desta forma, será possível reservar imediatamente um carro de aluguernum país de destino, sem necessidade de fazer fila ou apresentar fisicamente qualquer forma de identificação.

Pode estar a pensar que este “já existe”, e que não há nada de muito novo. Contudo, é uma mudança muito importante, porque não terá de se registar num determinado portal para carregar os seus documentos e realizar este ou qualquer outro procedimento.

Serão as empresas que irão solicitar o acesso aos dados dos cidadãos. E decidirão a quem o concederão, dependendo do procedimento ou da diligência a ser efetuada.

Serão estes prestadores de serviços que “pedem” acesso aos seus dados, e será o utilizador quem decide a quem fornece a sua identidade digital.

Por outras palavras, em vez de ter uma conta Netflix, uma conta Google e uma conta Twitter, serão estas empresas ou entidades públicas que solicitarão o acesso aos seus dados a fim de realizar qualquer diligência (como um registo). Será você quem decide a quem fornece os dados. Não terá uma conta em cada um destes portais. Serão eles que subscreverão os seus dados pessoais.

 

Como esta mudança afetará as PME

Esta é uma enorme mudança que terá impacto nas PME de várias formas.

Em primeiro lugar, abre uma nova oportunidade de negócio para as pequenas e médias empresas especializadas no domínio da digitalização e do blockchain.

As Administrações serão obrigadas a implementar estes processos de identificação digital. Espera-se, portanto, uma avalanche de concursos nesta área, por duas razões principais:

  1. Será um processo que todos os tipos de entidades terão de implementar. Por exemplo, as universidades não terão de pedir informações a um estudante para se reinscrever num curso. Apenas terão de aceder à identidade digital do estudante.
  2. Estas entidades não dispõem da tecnologia nem dos conhecimentos necessários para implementar soluções baseadas em blockchain  para identificar indivíduos desta forma. Assim, necessitarão de apoio externo e de know-how de PME especializadas.

Outro aspeto positivo que irá afetar as pequenas e médias empresas tem a ver com a sua dificuldade em competir com as grandes empresas. Haverá uma descentralização da informação privada, que está atualmente concentrada em gigantes tecnológicos como a Google e o Facebook. Isto servirá para reduzir o fosso e a capacidade de competir em condições de igualdade.

Em suma, facilitará grandemente a execução de qualquer tipo de procedimento, incluindo o registo de qualquer serviço oferecido por uma PME. Com o bónus adicional de expandir exponencialmente a base de potenciais Clientes, que poderão realizar este procedimento a partir de qualquer parte da União Europeia.

Toda esta simplificação de processos também trará uma redução nos custos operacionais para as pequenas e médias empresas para todos os tipos de procedimentos. Isto também se aplica às suas próprias relações com a Administração (para realizar procedimentos oficiais) ou com as Finanças (para pagar impostos), para dar apenas alguns exemplos.

A Identidade Digital Europeia funcionará como uma carteira eletrónica no telemóvel.

 

Quando é que o sistema estará operacional?

A escala do projeto, e a implementação da Identidade Digital Europeia por entidades públicas em diferentes países, é susceptível de prolongar o processo de implementação.

Existem países que já iniciaram testes e colaborações para corroborar a eficácia dos sistemas de identidade digital que permitam, por exemplo, reservar um quarto de hotel noutro país do continente, sem o interessado ter necessidade de apresentar qualquer tipo de documentação física.  

A nova Identidade Digital Europeia terá de assegurar o cumprimento adequado do Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD).

 

Exemplos práticos da utilização da Identidade Digital Europeia nas PME

EXEMPLO 1

  • Imaginemos uma PME de organização de eventos que tenha lançado um concerto, com a consequente venda de bilhetes para o acesso ao mesmo. Os utilizadores poderão processar a compra através da utilização da Identidade Digital Europeia, mesmo para utilizadores que venham ao concerto de outros países.
  • A compra e o acesso serão sem filas de espera ou qualquer tipo de espera. Além disso, e automaticamente, quer a empresa quer o utilizador terão um registo quer da aquisição do bilhete quer do horário do momento em que o mesmo foi adquirido, o que permitirá ao participante aceder sem mostrar qualquer tipo de identificação ou bilhete… tudo completamente automático.

EXEMPLO 2

  • Outro exemplo: uma startup do setor financeiro, que permite operar com contas bancárias. A abertura de um produto deste tipo será muito mais simples, permitindo aos utilizadores de qualquer país registarem-se e realizarem operações sem saírem do seu local de residência.
  • Isto também multiplica exponencialmente as possibilidades de obtenção de novos Clientes para este tipo de empresa.

 Em suma, a Identidade Digital Europeia dará às PME no domínio da digitalização e do blockchain mais oportunidades comerciais. Facilitará a concorrência com grandes empresas tecnológicas, que assim verão limitada a sua capacidade de acesso exclusivo a certos tipos de dados. E aumentará as possibilidades de ganhar Clientes de outros lugares, com negociações mais rápidas e mais rentáveis para todas as partes.

 

Artigo publicado originalmente em Blog Sage Advice

Asavin Wattanajantra
Especialista em tecnologia de informação e inovação para PME.