A chave para a sustentabilidade: Modelos de Negócio do Século XXI

Conheça as principais alterações económicas, sociais, demográficas, tecnológicas que estão a influenciar a emergência de novos modelos de negócio para o Século XXI.

Vivemos uma época de verdadeira transformação, por isso deve-se ter em atenção todas as mudanças que estamos a sentir, que vão ser um padrão nos próximos anos e adaptarmos os nossos modelos de negócio, atuais e futuros. Atualmente assistimos a mudanças: 

  • de segmentação de pessoas para a inclusão da diversidade (somos todos normais);
  • da consciência digital para os nativos digitais;
  • do apelo às massas para o apelo as necessidades individuais;
  • da conectividade esporádica à híper-conectividade;
  • do pensamento centrado no produto para o pensamento centrado no cliente;
  • do crescimento estático e constante para a agilidade dinâmica num mundo complexo;
  • do conceito de propriedade para a utilização ou pay-as-you-go;
  • da valorização dos bens e serviços para a apreciação dos valores pessoais

Todas estas mudanças são fatores catalisadores para a aplicação e operacionalização dos seguintes “novos” modelos de negócio na estratégia das organizações.

  • Economia de Partilha. É um modelo que permite uma partilha de serviços por várias pessoas, reduzindo custos e aumentando a eficiência na utilização de recursos, podendo ser aplicada em situações como: partilha de automóveis (rideshare); babysiters; aluguer de bicicletas por individuais; wi-fi partilhada; acesso partilhado a aconselhamento profissional especializado.
  • Monetização de dados. A geração de dados é exponencial e prevê-se que atinja os 160 zettabytes em 2025. A agregação e relação de dados entre si irá permitir às empresas criarem produtos e serviços baseados em insights, tais como: manutenção preditiva em automóveis; serviços baseados na localização dos condutores; cuidados médicos personalizados; telemedicina; deteção e predição de fraude.
  • Crowdsourcing ou Co-Criação: Consiste em modelos que agregam várias pessoas em prol de um objetivo comum. A híper-conetividade e a globalização são forças catalisadoras que aumentam a probabilidade de movimentos de crowdsourcing e co-criação. Espera-se que a China registe o maior valor em empréstimos, investimentos ou oportunidades de financiamento coletivos no final da década. Os modelos de crowdsourcing são aplicados a diversas áreas como: media, serviços, criação de conteúdos, software, organizações sem fins lucrativos entre outras.
  • Economia Circular. Passa pela criação de produtos e serviços que possam ser reutilizados, tem como base a eficiência e a partilha. A economia circular representa a oportunidade para tornar o planeta sustentável, reduzindo a quantidade de recursos utilizados através de uma mudança do individual para o coletivo. A reciclagem, a reutilização e o movimento zero waste são fatores a utilizar no mercado automóvel, construção, químico, energia e agricultura e certamente vêm ajudar na eficiência e a utilização sustentável dos recursos do planeta.
  • Personalização e customização: É um modelo e uma tendência baseada em atividades centradas no cliente onde a customização dos produtos vão de encontro das necessidades específicas de cada cliente por um valor adicional. A tecnologia, neste caso, será a condutora principal uma vez que diminuirá os tempos de produção para o desenvolvimento de produtos únicos. Esta personalização permite também que as empresas recolham dados dos seus clientes e possam criar produtos que sejam talhados às necessidades futuras dos seus clientes. Assistentes virtuais, software com opções personalizadas, social media feedback personalizado, roupa desenhada e disponibilizada à medida são alguns dos exemplos que podemos ver no nosso dia-a-dia e que vão fazer parte do novo normal na sociedade.
  • “Servitization”: É uma nova forma das indústrias comercializarem os seus produtos, utilizam-nos para vender o resultado do produto como um serviço. Ou seja, a Uber utiliza a sua plataforma para vender o serviço de mobilidade, a Netflix para vender a visualização de séries, empresas de automação alugam robots para a agricultura e é paga a sua utilização por hectare. É um modelo de Pay-as-you-Go que pode ser utilizado em qualquer indústria e mercado. Existe uma ligação da conta bancaria do cliente à entrega de um serviço por parte da entidade fornecedora.
  • Everything-as-a-Service (XaaS). Na sequência do “servitization”, da economia circular e de partilha, o XaaS é a transformação de um mundo baseado no produto para uma geração baseada no desenvolvimento e utilização de serviços. Onde podemos assistir à utilização de plataformas digitais como um serviço, de monitorização de pessoas, terras ou outros recursos como um serviço, ao transporte como um serviço, à energia, ou seja tudo pode e será oferecido como um serviço.
  • Modelos Freemium: Já existem, são uma tendência e vieram para ficar, têm como objetivo oferecer gratuitamente funcionalidades/serviços básicos ao utilizador e cobrar os serviços premium adicionais. Já são utilizadas nas mais diversas áreas empresas como: New York Times, Forbes, o Linkedin, a Dropbox, a Spotify. É também muito utilizado nas apps com publicidade, gerando retorno pela publicidade e se o utilizador não desejar publicidade paga um serviço adicional. Este modelo permite ao utilizador aceder ao conteúdo, testar funcionalidades premium e se tiverem interesse adquirem a um valor adicional.
  • Online-to-Offline. A digitalização e a hiperconectividade são fatores de dinamização que permitem aos clientes utilizarem plataformas on-line para que posteriormente possam utilizar serviços ou produtos offline e desconetados da rede. Opções como comprar on-line e recolher os produtos offline no local mais próximo.

Novas gerações estão a nascer, novas formas de pensar e atuar estão a emergir, os desafios globais gerados pela tecnologia, mobilidade, aumento da população mundial e ambiente conduzem a que novos modelos de negócio e a novas formas de competir. Cada um destes modelos tem prós e contras, faz parte da nossa capacidade enquanto gestores e empreendedores utilizar o modelo adequado ao contexto em que estamos inseridos. Não existe o modelo perfeito, não existe a situação perfeita, existem alternativas para a cada e devem ser adaptadas e é a adaptação que nos permite evoluir e chegar mais longe.

 

Pedro Miguel Diegues
Analista de Business Intelligence e Competitive Intelligence, Advisor na área de prospetiva, cenários e estratégia, Coach executivo e Speaker.

 

Artigo publicado originalmente no Blog Sage Advice