Seis erros típicos dos Contabilistas face à tecnologia 

Muitos gabinetes de Contabilidade encaram a inovação na Contabilidade como um luxo. A verdade é que a inovação significa trabalhar o presente com foco no futuro. Conheça 6 erros graves que os Contabilistas podem estar a cometer e o que fazer para os evitar.

É comum ouvirem-se profissionais da contabilidade questionarem os benefícios da tecnologia, fundamentando-se na crença de que a tecnologia se traduz numa ameaça aos seus serviços. A realidade do mercado de serviços contabilísticos exige uma nova postura. O futuro não tem lugar para profissionais meramente escriturários ou processadores de impostos, porque as tecnologias do dia-a-dia estão a suprimir essa função. 

Muitos gabinetes de Contabilidade encaram a inovação na Contabilidade como um luxo. Isto é um problema. A verdade é que a inovação é uma necessidade básica. Saiba como evitar estes 6 erros típicos dos Contabilistas face à tecnologia.

1. Ver a tecnologia como uma ameaça

Esse é um erro grave. A tecnologia não é uma ameaça: é uma oportunidade para aumentar o valor estratégico da contabilidade e a criação de novos serviços. “Mas porque devo mudar a minha maneira de trabalhar?” A escolha é simples: inovar ou ficar para trás. Os trabalhos manuais, diários e repetitivos são automatizados a cada dia, por processos tecnológicos que se traduzem em maior eficácia. É tarefa do Contabilista desenvolver habilidades de negociação e relacionamento para aumentar a relevância no mercado a fazer o que faz melhor: adicionar valor aos seus Clientes.

 

2. Continuar a dar prioridade a tarefas que outros vão executar melhor

Há estudos que apontam que a probabilidade das atividades profissionais dos Contabilistas serem substituídas por sistemas de inteligência artificial é de 94% (Oxford University, 2013). Esses estudos utilizam modelos matemáticos para classificar a probabilidade de automação e robotização das profissões. Os robôs ainda são incapazes de igualar a profundidade e a amplitude da perceção humana. 

A questão é que os processos psicológicos ligados à criatividade humana são difíceis de especificar. A inteligência social humana continua fundamental em tarefas como negociação e persuasão, que exigem um reconhecimento em tempo real de emoções e a capacidade de responder de maneira inteligente a essas informações. O problema é que a maioria dos gabinetes de Contabilidade encontra-se na fase em que o seu principal papel na vida dos Clientes é auxiliá-los com o cumprimento de obrigações fiscais e tributários. E este é o nível onde a automação avança de forma acelerada.

A conclusão é simples: posicione-se em serviços consultivos ou fique para trás. Automatize ao máximo a função de processador de salários e impostos e posicione-se como consultor contabilístico em tempo real. Humanize a sua experiência de atendimento e torne-se o consultor estratégico dos seus clientes.

 

3. Apostar nas velhas fórmulas da profissão de Contabilista

O papel de um processador de salários é cada vez mais ultrapassado e substituído por tecnologias de automação de processos. A profissão não está em extinção, mas sim as funções diárias e repetitivas que absorvem excesso de tempo, e que impedem os Contabilistas de exercer a sua verdadeira função de ajudar e acrescentar valor aos seus Clientes. O novo mundo normal e os avanços diários da tecnologia prometem mudanças drásticas em muitas carreiras consideradas como estáveis até aqui. E os gabinetes de Contabilidade devem estar preparados para essa realidade.

A tendência é que muitas tarefas repetitivas baseadas em processos previsíveis se tornam obsoletas – como é o caso do lançamento de faturas, emissão de guias, ou a introdução de dados num software contabilístico. Atualmente, a tecnologia já é capaz de estabelecer essa ligação entre informações e, em poucos segundos, realizar com sucesso essas tarefas. Então, como estar preparado para essa mudança de paradigma? É preciso compreender como é que a inovação na Contabilidade pode trazer benefícios para o seu gabinete de Contabilidade.

 

4. Renunciar ao novo modelo de negócios na contabilidade

Não precisa de ter receio da tecnologia. Aliás, deve-se adaptar à tecnologia e usá-la a seu favor. O Contabilista deve aprender a vender soluções. Os principais softwares de contabilidade são capazes de criar relatórios em segundos. Cabe ao profissional da Contabilidade vender consultoria e ajudar os seus Clientes a tomarem as melhores decisões para crescerem. O conhecimento dos Contabilistas e a sua orientação nas principais estratégias para reduzir custos e aumentar a produtividade são o seu diferencial face ao que a tecnologia não conseguem fazer: gestão estratégica contabilística.

Apoie o seu cliente a tomar as melhores decisões para o seu negócio com base nas informações atualizadas que a automação tecnológica gerou a seu favor. O trabalho de conformidade e criação de relatórios tem o seu fim à vista, substituído por soluções tecnológicas que libertam os contabilistas para tarefas de valor acrescentado onde podem aproveitar todas as oportunidades que o mercado oferece para o seu gabinete de Contabilidade. Supere os receios da adoção de processos automatizados e da tecnologia na Contabilidade e descubra como a utilizar a seu favor. 

 

5. Ter medo da automação nos processos de Contabilidade

A tecnologia na Contabilidade traz benefícios como a redução de custos operacionais, melhorias de produtividade e eficiência, e automatização de processos. Ao longo dos próximos anos a automação de processos na Contabilidade pode influenciar exponencialmente a maneira como reunimos informações, tomamos decisões e interagimos com todo o mundo da Contabilidade.

A automação de processos contabilísticos é cada vez mais uma realidade, transformando a maneira como os gabinetes de Contabilidade e os seus clientes se relacionam no seu dia-a-dia, e permitindo ao Contabilista ganhar tempo para se dedicar à gestão e estratégia do seu negócio. E a melhor parte: atualmente, as soluções já são concebidas de forma tão versátil que, sem se substituir aos sistemas existentes, se integram e completam o que já é utilizado, evitando qualquer disrupção no normal funcionamento nos gabinetes de Contabilidade.

 

6. Ter receio de assumir novas responsabilidades

Como é que a tecnologia e a automação de processos contabilísticos podem ser aplicadas na rotina diário dos gabinetes de Contabilidade? A automação transforma relatórios que demoravam dias para ser produzidos manualmente num processo de segundos, com as ferramentas certas. Os arquivos com toda a informação do seu negócio cabem em qualquer computador ou smartphone, esteja onde estiver. Receber os documentos dos seus clientes em papel ao final de cada mês e perder tempo para os encontrar são atividades do passado, face aos envios digitais em tempo real.

 

Entra em cena o Contabilista Moderno

Nesta transição de papéis, sai de cena o contabilista estritamente focado em gerar relatórios, introduzir dados, arrumar papel, procurar documentos, e processar documentos e entra em cena o Contabilista Moderno. Uma nova versão do Contabilista, totalmente readaptado não só para sobreviver ao mundo tecnológico, mas sim para o usar a seu favor e retirar todos os benefícios possíveis dele. O dia-a-dia dos gabinetes de Contabilidade muda. Com essa mudança, a sua função também evolui.

O Contabilista ganhou tempo para:

  • se dedicar à gestão do seu negócio;
  • a sua equipa está mais livre para tarefas de valor acrescentado;
  • o tempo gasto em tarefas repetitivas desaparece;
  • o seu atendimento torna-se consultivo e valioso para os seus clientes, resultando em decisões baseadas em informação atualizada ao dia.

Desta forma, o Contabilista Moderno ganha tempo para se dedicar ao que não pode ser automatizado, como:

  • liderança estratégica,
  • gestão e geração de valor para os seus clientes.

A inovação na Contabilidade significa trabalhar o presente com foco no futuro.

 

Roberto Dias é consultor da Omie (Brasil), Fortes Tecnologia (Brasil), G-Click (Brasil) e Latourrette Consulting (Portugal), evangelista tecnológico, autor de 4 livros sobre tecnologia e professor no Master of Science in Business Administration da Florida Christian University.

 

Artigo publicado originalmente no Blog Sage Advice