Seis estratégias para a revisão da recessão das pequenas empresas

É na adversidade que surgem também as melhores ideias. Conheça os passos que pode tomar para assegurar que o seu negócio possa sobreviver, ou até mesmo crescer, apesar das condições económicas adversas.

Foi há quase seis anos que Portugal disse adeus à Troika e a um dos períodos mais difíceis para a economia do País, com consequências sociais graves. O Coronavírus trouxe a, de novo, palavra recessão para as notícias mundiais.

Em Portugal, são vários os cenários desenhados para o período de recessão que se adivinha. Entre os mais catastróficos e os mais otimistas, temos a certeza de que é na adversidade que surgem também as melhores ideias. E as pequenas e médias empresas Portuguesas são bem fortes e resilientes. Muitas delas irão sair deste período desafiante mais fortes que nunca.

As boas notícias são que existem vários passos que pode tomar para assegurar que o seu negócio sobrevive e até mesmo cresce, quando as condições económicas são adversas.

 

1. Gerir ainda mais o fluxo financeiro

A chave para sobreviver a uma recessão é observar o seu fluxo financeiro como uma águia. Efetue previsões regulares do fluxo de caixa para estimar quanto dinheiro a sua empresa tem a entrar e a sair. Isto ajudará a cortar os custos em função dos recursos que tem disponíveis. Um software de faturação correto irá ajudá-lo a prever o fluxo de caixa com base na data em que as faturas devem ser pagas, as notas de crédito devem ser reembolsadas e quaisquer rendimentos ou despesas recorrentes.

Evite vender a crédito, especialmente se tiver de pagar o IVA ou efetuar pagamentos aos seus fornecedores antes do cliente pagar a conta. Se está numa indústria onde não pode evitar dar crédito – por exemplo, ao fornecer serviços jurídicos a uma empresa – torne-se mais assertivo no que diz respeito a receber os pagamentos na data prevista.

 

2. Simplifique

Se antecipa ou está a passar por uma queda nas receitas, a redução de custos pode ser uma maneira eficaz de manter a rentabilidade. Pode, por exemplo, seguir um negócio mais virtual se está numa área como o marketing. Em vez de gastar dinheiro em renda e gasolina, pode orientar a sua equipa e os seus clientes para utilizarem ferramentas online.

É também sensato rever as despesas correntes diárias. Quando foi a última vez que mudou de companhias de seguros e tem a certeza que tem os melhores preços? Continua a conseguir pagar o ritual matinal de sexta-feira de cappuccinos e croissants para a equipa? Compra artigos de papelaria e consumíveis de que não precisa?

A não ser que tenha mesmo muitos empregados, diminuir os seus efetivos deverá ser o seu último recurso. Isto porque despedir pessoas pode diminuir a moral e o apoio aos clientes. Além disso, terá de pagar indemnizações. Também irá ter custos de recrutamento e formação no futuro, quando começar novamente a crescer e a precisar de contratar.

 

3. Oriente-se para um setor à prova de recessão

Se o seu negócio quotidiano está sob pressão, pode considerar formas de utilizar as suas capacidades e infraestruturas para visar mercados mais à prova de recessão. Por exemplo, se tem um supermercado, avalie fazer um desconto de volume em alimentos. Um vendedor de automóveis pode focar-se nas reparações e nas vendas em segunda-mão em vez de vender carros novos. E se está no design de interiores, pode surgir uma excelente oportunidade no facto de estar em casa – fazer com que as casas tenham o melhor aspeto para facilitar as vendas numa época em que o mercado é desafiante.

 

4. Orientação para a assistência a clientes 

Durante uma recessão, os seus clientes também sentem a pressão. Irão contar cada cêntimo antes de o gastar. A chave para sobreviver à recessão é reter os seus bons clientes, em número maior possível. Descubra o que é importante para eles e mantenha a qualidade de serviço que eles esperam.

Ao reduzir custos, tente fazer de maneira a que isso não prejudique a experiência do cliente. Se tem o compromisso de manter os seus padrões e ir ao encontro das expectativas de preço dos clientes, comunique abertamente sobre as decisões que está a tomar e como estas afetarão o cliente. Por exemplo, se espera que a taxa de câmbio do euro/dólar influencie os custos dos produtos de tratamento capilar que utiliza no seu salão de cabeleireiro, informe os clientes que está a aumentar os seus preços ou mude para uma alternativa mais barata. Se possível, dê-lhes uma escolha ou descubra qual a opção que funciona melhor para eles.

 

5. Seja inteligente e tático acerca das vendas e do marketing

Muitas pequenas empresas cometem o erro de parar com todos os esforços de marketing quando surge uma recessão. Mas a redução de custos a curto prazo traz o custo de construir um canal forte de ligações e vendas para o futuro. Além disso, manter as vendas e os esforços de marketing durante uma recessão pode ajudá-lo no crescimento da sua quota de mercado enquanto outras empresas à sua volta reduzem os seus gastos.

Em vez de abandonar todos os esforços de marketing, reveja os gastos para ver onde está a obter o melhor retorno de investimento. Poderá perceber que compensa focar-se em canais digitais de baixo custo tais como paid search e paid media em vez de meios offline com a imprensa ou a rádio. Execuções táticas, tais como vendas, promoções de preços e descontos podem ajudar a impulsionar as vendas num mercado apertado.

 

6. Começar um negócio numa recessão

Se está a pensar começar um negócio, não tem necessariamente de alterar os seus planos devido a um buraco na economia. Alguns negócios dão-se bem em qualquer economia e podem prosperar numa recessão:

  • Serviços de contabilidade
  • Aconselhamento a devedores
  • Aconselhamento financeiro
  • Formação e educação
  • Reparações e manutenção
  • Lojas de descontos

Para alguma inspiração, lembre-se que empresas como a General Electric, Microsoft, Burger King e muitas outras foram fundadas em períodos económicos dolorosos. Começar um negócio numa recessão é um batismo de fogo, mas irá criar valor, desenvolver bons hábitos e colocar-se numa posição forte para crescer quando a economia recuperar.

 

Keir Thomas-Bryant é o especialista dedicado da Sage sobre as questões que afetam as Pequenas Empresas e Contabilistas, com mais de duas décadas de experiência profissional como jornalista e dono de pequenas empresas.

 

Artigo publicado originalmente em Blog Sage Advice