Viajar com o paladar

A gastronomia é cultura. Ela conta-nos uma história acerca das pessoas, ao mesmo tempo que nos transporta para universos diferentes através dos seus sabores. Propomos uma breve viagem a cinco dos melhores destinos gastronómicos do mundo

Peru, a arte da fusão

O ceviche, baseado em peixe cru marinado em sumo de lima, é o ícone da culinária peruana. Mas a gastronomia do Peru é uma das mais ricas e diversas do mundo. Destacam-se pratos como o lomo saltado (troços de carne de vaca salteados), cuy (porquinho-da-india) picante, aji de gallina (peito de frango envolto em um molho espesso de alho, leite e pão), papa a la huancaína (batatas recheadas com o mesmo molho), rocoto relleno (pimento recheado com carne picada; sopa de quinoa, causa (espécie de puré de batata compacto) com frango ou atum; pudim de arroz e o inevitável pisco sour (aguardente de uva, limão e clara de ovo).

O seu sucesso reside na diversidade de ingredientes, que inclui espécies nativas como o milho e mais de 2 mil variedades de tubérculos e em valorizar os segredos culinários pré-hispânicos e coloniais, misturados com as mais deliciosas cozinhas do Oriente e da Europa. Além disso, é uma cozinha adequada para todos os orçamentos. A par dos mais reputados chefs que apresentam os seus pratos de fusão em restaurantes de primeira classe, o Peru está repleto de pequenos estabelecimentos familiares que oferecem pratos requintados a preços muito acessíveis. Por todas estas razões a gastronomia peruana foi eleita como a melhor do mundo, pelo sétimo ano consecutivo, na cerimónia dos World Travel Awards (categoria Leading Culinary Destination), realizada em Lisboa, em Dezembro de 2018.

 

Japão, tradição e requinte

Os pratos japoneses são um reflexo das transformações políticas e sociais, que marcaram o país ao longo da sua história. Por exemplo, as restrições tradicionais ao acesso à carne deram origem a inovações como o tofu ou o miso; a abertura posterior ao comércio com os ocidentais conduziu à tempura (mistura da cozinha portuguesa e nipónica), ou a mais recente aproximação ao estilo culinário (grelhados e salteados) dos vizinhos coreanos e chineses. Viajar com o paladar para o Japão, significa ser transportado pela história através de pratos como os populares onigiri e sushi (rolinhos de arroz recheados), o sashimi (fatias de peixe ou marisco cru), as massas udon ou soba, os pratos cozinhados segundo a técnica teriyaki e os inevitáveis chá e arroz branco. Significa também ser transportado para um mundo de rituais milenares que misturam a estética minimalista com os sabores delicados

 

Índia, o triunfo das especiarias

As especiarias são as rainhas da cozinha indiana, caracterizada pela explosão harmoniosa de uma infinidade de sabores. A Índia é um país imenso, assim como a sua variedade culinária que vai desde o tradicional dhal (cozido de lentilhas), frango tandoori, caril de camarão ou legumes, o biryani (prato à base de arroz misturado com especiarias), o arroz basmati, o pão chapati, naan ou roti badgeri, entre infinitas possibilidades. A cozinha indiana contém muito mais do que meros pratos para saborear. Supõe rituais como o de várias comerem de um só prato com a mão direita ou regras elementares de educação, como nunca recusar a comida que oferecem, porque seria considerado uma ofensa.

 

França, a sofisticação à mesa

Um delicado equilíbrio entre cores, texturas e cheiros, a diversidade de matérias-primas e as técnicas mais modernas de culinária combinadas com receitas tradicionais fazem da cozinha francesa um ícone mundial da sofisticação gastronómica. Croissant, baguette, macarons, foie gras, steak tartare, sopa de cebola, o crème brûlée, tarte tatin, ratatouille e até mesmo a simples omelete, crêpe ou croque monsieur… Sem esquecer os afamados vinhos das regiões de Bordeús e Borgonha, os queijos da Normandia, a popular sidra ou o aclamado champanhe. É uma das quatro cozinhas mundiais declaradas Património Imaterial da Humanidade pela ONU, juntamente com a japonesa, mexicana e a dieta mediterrânica.

 

Itália, a arte da simplicidade

A Itália conquistou os paladares internacionais pela simplicidade da sua comida, com os seus pratos de gosto fácil, as pizzas e as massas. Mas a cozinha italiana é bastante mais rica e diversa do que estes pratos globalizados e tanto os pratos como os ingredientes variam muito consoante as regiões do país. O queijo (quem não provou ou conhece a mozzarella, burrata, ricota, parmesão ou mascarpone), os presuntos, os azeites e vinagres balsâmicos, o tomate, as plantas aromáticas, as trufas, azeitonas e cogumelos, os vinhos e as grappas (aguardente) ou os famosos gelados são alguns dos elementos mais característicos da gastronomia italiana, aos quais se junta hoje em dia o café, mais especificamente o expresso (chávena curta).