O que podemos aprender com a Lego Serious Play

A Lego Serious Play é uma ferramenta que facilita a comunicação, o pensamento e a resolução de problemas e, por isso, é utilizada por várias organizações em todo o mundo. “As organizações ficam mais sérias e velhas quando deixam de inovar”, justificou Bruno Horta Soares, durante o evento IDC Directions 2018, patrocinado pela Sage.

Quem disse que os líderes, diretores ou gestores não podem brincar com Lego? “Nós não deixamos de brincar quando ficamos velhos. Nós ficamos velhos quando deixamos de brincar. Isso também acontece nas organizações: elas ficam mais sérias e mais velhas quando deixam de inovar”, argumenta Bruno Horta Soares, leading executive advisor da IDC Portugal.

A intervenção de Horta Soares no evento IDC Directions 2018, realizado no Centro de Congressos do Estoril, trouxe ao palco um conjunto de peças de lego e um painel de quatro gestores de empresas portuguesas: Daniela Monteiro, da Porto Digital; Miguel Fontes, da Startup Portugal; Bruno Horta Soares, da IDC e Pedro Faustino, da Axians (ver foto acima, da esquerda para a direita). Todos aceitaram o desafio de construir modelos e representações da realidade, através destas pequenas peças com que muitos de nós brincámos na infância.

Ao nível empresarial, a Lego Serious Play é uma ferramenta que facilita a comunicação, o pensamento e a resolução de problemas. “Quando as organizações têm a necessidade de discutir estratégias e sistemas complexos, elas recorrem a este tipo de jogos” explicou Bruno Horta Soares.  “Achamos, muitas vezes, que o oposto de trabalhar é brincar e jogar. Mas essa ideia está errada. O oposto de play é estar deprimido, estar insatisfeito”, enfatizou.

 

Os quatro passos da metodologia

A Lego Serious Play assenta em quatro passos: o primeiro é a pergunta, o segundo é a construção, o terceiro passa pela explicação e, por último, vem a reflexão. O importante neste processo, argumenta o especialista, é construir algo concreto. “Não tenham reuniões com vocês próprios. Basta construir”, aconselhou aos convidados.

Apresentada a ferramenta, o primeiro desafio foi o de erguer uma torre. O repto seguinte já não foi tão simples: tratou-se de construir um modelo daquilo que gostavam mais nas suas organizações. O terceiro foi o de um boneco que representasse as fraquezas das suas empresas e, também, as forças positivas e seguiram-se mais desafios similares. Após construírem cada modelo, os quatro convidados tiveram de explicar porque os haviam construído daquela forma e o que significavam. Esse era afinal o objetivo do exercício: fazer com que os jogadores comuniquem uns com os outros e, no final, reflitam sobre o que construíram.

 

A brincar, dizemos coisas sérias

E foi assim, a brincar com peças de lego, que se foram discutindo temas bem mais sérios. Por exemplo, Miguel Fontes, da Startup Portugal, concluiu que a diversidade é uma das maiores dificuldades para que a transformação digital avance como gostaria. “As pessoas não andam todas ao mesmo ritmo, nem têm todas o mesmo nível de adaptação”, afirmou. Para resultar é preciso que haja “transparência e clareza, além de uma visão 360 graus que tenha em conta a cultura da diversidade”, acrescentou. Já Pedro Faustino, da Axians, preferiu destacar o fator velocidade como algo “determinante para o sucesso deste processo”. Foi, em resumo, uma prova mais difícil do que aparenta, mas superada com distinção pelos quatro participantes.

 

Texto Joana Nabais Ferreira; Foto: Henrique Casinhas

Adaptado do artigo original da Eco (Economia Online) publicado aqui