Como podem as empresas tirar partido da Indústria 4.0?

Não é segredo que a “Indústria 4.0” – também conhecida como a quarta revolução industrial – está a causar alterações dramáticas no modo como as empresas atuam. O que começou por ser um chavão de marketing tornou-se agora num dos motores principais da mudança em grande parte das atividades empresariais – particularmente na indústria de produção.

Caracterizada pelo desenvolvimento de tecnologias como a inteligência artificial (IA), a análise de dados e a Internet das Coisas (IoT, na sigla em inglês), o crescimento da Indústria 4.0 continua a ganhar velocidade. Efetivamente, um relatório da KPMG sugere que os mercados que compõem a Indústria 4.0 irão atingir um montante combinado de 4 biliões de dólares em 2020, o que revela exatamente o que está em jogo.

As empresas enfrentam atualmente uma corrida exaltada para se manterem atualizadas, pois ninguém quer ser deixado para trás, e a pressão continua a aumentar. Apresento assim cinco fatores essenciais a ter em consideração para poder tirar melhor partido da Indústria 4.0 nos meses e anos que se aproximam.

 

1. Dar prioridade à análise de dados

Com a IoT a ganhar cada vez mais importância nos locais de trabalho, a recolha e análise de vastas quantidades de dados irá ser a base das atividades empresariais futuras. O conhecimento com base em dados será fundamental, servindo, por exemplo, para apoiar a manutenção preditiva nas fábricas ou oferecer valor acrescentado aos clientes de serviços profissionais.

As empresas estão também a recolher mais dados do que nunca, o que significa que deverão ter a capacidade de os usar corretamente e impedir que estes caiam nas mãos erradas.

Provavelmente, a maior oportunidade virá da criação de “fábricas inteligentes” que utilizam os dados de sistemas conectados para otimizar a eficiência e minimizar os tempos de paragem. Por exemplo, será possível prever a altura mais provável de ocorrência de problemas analisando tendências históricas, assim como utilizar os conhecimentos gerados para formar as decisões relativas a operações futuras em termos de desenvolvimento de produtos.

No final de contas, quanto mais dados forem analisados, mais inteligentes serão as decisões. Para as empresas de todos os setores, priorizar a análise de dados e adotar uma mentalidade orientada para os mesmos será essencial para o sucesso.

 

2. Derrubar os silos

Nas empresas tradicionais, um dos principais desafios da revolução que estamos a atravessar passa pela adoção de uma nova forma de trabalhar. A chave para beneficiar de todo o potencial da Indústria 4.0 passa por descobrir formas de integrar as diferentes unidades de negócio e obter uma visão completa das operações.

É nesta área que as soluções de Enterprise Resource Planning – ERP podem desempenhar um papel importante, ao ligarem as atividades diárias de toda a empresa e fornecerem conhecimento essencial sobre as operações.

Na área industrial, em particular, é possível integrar numa única base de dados todas as áreas do processo de produção – da matéria-prima e inventário à produção, operações e contabilidade. Tal permite um maior conhecimento das cadeias de fornecimento, cada vez mais complexas, o que ajuda a gerir as parcerias com os fornecedores e tomar decisões atempadas com base em fatores-chave como previsões de procura e tempos de paragem da produção.

Derrubar os silos também torna mais fácil a colaboração dos colaboradores, tanto uns com os outros como com parceiros externos, uma vez que as empresas deixaram de poder trabalhar em secções isoladas. Os que insistiram em permanecer fechados sobre si próprios irão inevitavelmente descobrir que estão a ser deixados para trás pelos seus concorrentes mais ligados e colaborativos.

 

3. Pensar a nível global

Para além de ser um grande disruptor, a Indústria 4.0 está também a servir de nivelador entre muitas indústrias. Não só se verifica que tecnologias como a computação em cloud estão a proporcionar o acesso de pequenas empresas ao poder computacional que anteriormente estava apenas reservado aos seus concorrentes de grandes dimensões, como o incremento da conectividade está a levar a globalização a novos níveis.

Como tal, as empresas são agora capazes de alcançar um público mais alargado do que nunca – se estiverem preparadas para pensar em grande. Nada está fora de alcance e as empresas deverão ser encorajadas a adotar uma perspetiva internacional.

Até mesmo a mais pequena das startups. Desde a contabilidade aos pagamentos de salários e despesas, já existe um grande número de soluções de software disponíveis para ajudar as startups a tomarem o controlo do lado administrativo da sua atividade, o que lhes permite focarem-se no seu crescimento e expansão.

 

4. Desenvolver a força de trabalho

Não é segredo que a importância crescente da automação, da IA e da robótica está a forçar os seres humanos a mudarem a forma como trabalham, e as empresas devem estar preparadas para apoiar este desenvolvimento.

Para começar, as empresas devem garantir que os seus colaboradores têm os níveis adequados de competências técnicas. Isto poderá envolver a oferta de programas de formação regulares para ajudar os funcionários atuais a dominar as novas tecnologias ou recrutar pessoas que já detêm as competências necessárias.

Mas o foco não deve estar apenas nas competências técnicas. Uma vez que o software está a começar a tomar para si a execução de tarefas mais comuns e demoradas, as competências “humanas” como a criatividade, o pensamento crítico e a comunicação serão fundamentais no local de trabalho do futuro.

 

5. Adotar uma mentalidade ágil

O meu conselho final para as empresas que procuram tirar partido da Indústria 4.0 é que devem reconhecer a importância da agilidade e flexibilidade.

Para que possam permanecer competitivas no mundo de hoje, altamente tecnológico e em rápida mutação, a capacidade de adaptação às mudanças tornou-se mais importante do que nunca. Como tal, a cultura empresarial deverá estar orientada para a produtividade e agilidade, as quais poderão desempenhar um importante papel no que respeita à melhoria da experiência dos clientes e dinamização das receitas.

Embora isto possa parecer assustador, a boa notícia é que existem muitas maneiras de promover uma mentalidade ágil nas empresas, desde a experimentação com novas tecnologias ao foco nas necessidades dos clientes e implementação de uma cultura colaborativa.

Então, de que está à espera? A era da Indústria 4.0 já está em curso e a velocidade das inovações não mostra sinais de desaceleração. As empresas têm de começar já a mexer-se para poderem tirar partido do enorme potencial que o mundo conectado de hoje lhes oferece!

 

Por Hugo Oliveira, Enterprise Market Director da Sage.

Artigo publicado originalmente em IT Insight.