O triplo H dos novos líderes: Heart, Habit, Harmony

Coração, hábito, harmonia. Estas são qualidades que, à priori, não citaríamos como fundamentais ao retratar o perfil de um líder. Margarita Mayo, professora de Liderança na IE Business School, explica porque os três “H” da liderança são cada vez mais necessários.

Margarita Mayo é uma conhecida oradora do circuito internacional de conferências de Gestão. Atualmente é professora de Liderança na IE Business School, em Madrid (antes havia lecionado na Ivey School of Business, do Canadá; ESMT, de Berlim e Universidade de Lancaster, no Reino Unido) e autora do livro Yours Truly: Staying Authentic in Leadership and Life, lançado no final do ano passado. Margarita Mayo faz parte do Thinkers50, o ranking anual que elege os pensadores mais influentes do mundo da Gestão e publica artigos regulares sobre liderança em várias publicações académicas, caso da Harvard Business Review.

A autora defende que o momento de mudança vertiginosa em que vivemos, o novo ambiente digital e a transformação dos ambientes de trabalho (mais colaborativos e muito menos verticais ou hierárquicos), estão a mudar o estilo tradicional de liderança. Hoje os colaboradores já não esperam que o líder seja o super-herói omnipresente, mas sim alguém autoconfiante e, simultaneamente, humilde, que procure a colaboração de todos. São estas qualidades que estão na génese da autenticidade na liderança, um conceito que, por vezes, é erroneamente entendido como algo estático, unidimensional e individual.

Cada líder deve desenvolver um estilo único e dinâmico de liderança onde a autoridade formal é substituída por um perfil mais orientado para a gestão de pessoas, para o coaching e para enfatizar a identidade do grupo em torno de valores. “Hoje os colaboradores das empresas exigem mais flexibilidade e autonomia e, portanto, os líderes devem mudar para um perfil mais autêntico, focado no bem-estar dos funcionários”, resume.

Na sua visão a autenticidade na liderança tem três níveis. O primeiro é a autenticidade emocional, o coração (heart) e requer que o líder seja fiel a si mesmo, colocando paixão e humildade em tudo o que faz. O segundo é a autenticidade comportamental, o hábito (habit) e refere-se ao desejo de melhorar a cada dia com uma mentalidade aberta, tornando a aprendizagem um hábito. O terceiro nível é autenticidade social, a harmonia (harmony) relativo à preocupação de cuidar do bem-estar dos outros e de criar um local de trabalho onde todos possam crescer. “A humildade deve ser um atributo essencial do líder para criar organizações autênticas”, refere a autora.

 

Os três H da liderança em resumo

  • Coração (heart): Líderes autênticos sentem paixão pelo que fazem e partilham as suas histórias e experiências com os outros. São acima de tudo pessoas humildes, conscientes das suas próprias fraquezas, que sabem identificar problemas e melhorar os pontos fortes das pessoas da sua equipe e que não se sentem debilitados por pedir ajuda externa.
  • Hábito (habit): eles estão em constante evolução e tornam a aprendizagem um hábito. Eles melhoram a cada dia e, ao mesmo tempo, assumem riscos e não receiam o fracasso. São conhecidos pela sua capacidade de resiliência e de reação perante as adversidades. São pessoas com uma mente aberta, que aceitam muito bem as ideias e opiniões dos outros e têm uma gestão positiva e construtiva.
  • Harmonia (harmony): cuidar do bem-estar de todos os funcionários é uma qualidade muito importante para os líderes autênticos. Eles sabem desenvolver uma identidade coletiva comum, criar uma comunidade coesa e um legado a longo prazo. Procuram sempre o melhor equilíbrio possível entre os seus interesses individuais e o dos outros, sabem delegar e formar futuros líderes.

 

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